Eu tenho medo de te chamar e você vir de verdade. Eu sempre grito seu nome baixinho sem a mínima intenção de te confrontar porque eu não quero ter de acarretar com as consequências de te ver bem. A gente se entendia, se sabia, então olha aqui pra mim, vai, só mais uma vez e me diz que ela não te faz diferença. Que a nova garota não te faz feliz, não te faz sentir aquelas idiotices no estômago. Me diz que ela tem voz de criança e que não te acompanha nos jogos de futebol. Não faz pouco caso de nós dois, não me deixa saber que você gosta do jeito que ela prende o cabelo e que ela canta de um jeito engraçado. Eu não quero saber, droga. Eu odeio o fato de que você nunca consegue ler minhas entrelinhas, de que meus vazios nunca foram preenchidos porque acima de tudo, você nunca soube percebê-los. Você nunca vai crescer. Nunca. Não enquanto todas essas garotas deitarem nos teus lençóis - numa esperança alucinógena de tentar te completar - fazendo tudo o que tua alma de moleque implora. Mas elas não sabem, não é? Que quem você quer por perto nas tardes ensolaradas sou eu. Quem você procura na multidão sou eu. Que o teu cheiro preferido é o meu. Elas não sabem que independente da lingerie que elas utilizem, você sempre vai preferir o meu moletom. E elas nunca vão saber. Porque você é inseguro demais para deixar alguém ter conhecimento das tuas falhas, dos teus pontos-fracos. Sou eu. Sou eu. Meu Deus, sou eu, acorda. Eu sou você, e você não deixa de ser eu também. Não adianta mais negar para si mesmo - a fulaninha da esquina não te faz tão bem quanto eu te fiz. E de que adianta isso tudo? Me diz. De que adianta sendo que nós continuaremos distantes? O meu medo de te chamar sempre vai reinar. E nós vamos nos perder. Como sempre acontece nessas histórias com final feliz inexistente. A diferença é que nós não somos os mocinhos. Estamos matando a chance de sermos felizes e isso não é um ato heroico. De qualquer forma, você sempre será o meu vilão favorito. E isso me mata um pouquinho, às vezes. Mas você promete manter segredo? Eu não quero deixar você morrer.
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