O Livro

E no meu aniversário de 18 anos ela me deu um livro. Ela sabia qê eu não gostava de ler, eu esperava muito mais de um presente dela ou ela podia nem ter me trazido nada, mas se baixinho no meio da festa ela sussurrasse em meu ouvido qê queria ficar comigo, estava tudo bem. E aquele livro nem tinha uma capa interessante, daquelas qê a gente fica louco pra ler. Eu só me lembro qê a festa acabou, ela se despediu, foi embora & nunca mais eu soube dela.

(...)

Ao longo dos anos fui mudando, estudei & olha qê eu nunca imaginei qê isso aconteceria comigo. Passei na faculdade, arrumei um estágio, depois um emprego & com 30 anos comprei minha casa própria. Muito tarde, neah!? Mas pra um garoto qê só queria curtir na sua juventude, nunca é tarde. Ao chegar em casa, sozinho, comecei a abrir as caixas com minhas coisas qê minha mãe tinha empacotado com tanto cuidado. E logo na primeira caixa estava lá, aquele livro qê eu tinha ganhado no meu aniversário de 18 anos. E eu nem sabia o prqê de eu tê-lo guardado esse tempo todo. Comecei a folhear as primeiras páginas & a história não era tão ruim, parecia qê eu não podia mais parar de lê-lo. E foi assim qê na página 53 tinha uma nota escrito pelas letras dela:

"Eu sou como esse livro qê vcê julga pela capa. Mas eu ainda quero ficar com você!"

E eu percebi qê em toda a minha vida eu nunca tinha prestado atenção em coisas simples, nos gestos, no olhar. Tudo para mim se resumia numa carcaça qê se não agradasse a sociedade o conteúdo também não agradaria. Talvez eu tenha perdido a única mulher qê me amava, por apenas julgá-la pela capa.

Ass: Um garoto qualquer

Pequenos Contos (4)