Encontros

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Eu pensei que havia te superado. Eu gargalhei e zombei de todas as coisas que algum dia já me remeteu a você exatamente do jeito que a gente faz quando quer soar mais madura do que algum dia já chegou a ser. Até ontem. Até te ver naquele maldito bar da sua faculdade, rindo de banalidades com seus amigos como se fosse fácil existir. Você estava tão lindo e eu senti tanta raiva de mim mesma por ter reparado em cada cacoete seu outra vez. Eu estava tão perdida, tão fora de mim e você tão intocável e impenetrável. E aí você veio em minha direção, seu idiota. Você me viu e veio perto de mim enquanto meus pulmões seguravam todo o ar do ambiente como se eu fosse cair inconsciente a qualquer momento. Mas você não me abraçou e cumprimentou eu e minhas amigas como eu queria que você fizesse. Você parou atrás de mim, mexeu com as cadeiras quebradas - e você sabia que elas estavam em mau uso, babaca! - deu um sorriso sem jeito e deu as costas. Eu quis ir atrás de você, agarrar seu cabelo castanho que cheira tão bem e gritar sobre todas as desgraças colossais que eu tive que enfrentar por estar sem você, sobre como nós dois não somos - porra, a gente não é! - desconhecidos. Queria jogar na sua cara todas as coisas que eu conheço em você. Sobre suas manias, seu jeito, sobre todos os seus sorrisos e a infinidade de coisas que eles dizem. Eu quis gritar para todas as pessoas mesquinhas que estavam naquele bar imbecil sobre como eu conheço cada pintinha do seu corpo, sobre o seus pontos fracos, sobre como você gosta de ser beijado no pescoço, sobre as vezes em que você me ligou chorando. Eu quis te bater, te xingar e te fazer entender sobre como você foi babaca agindo desse jeito. Minhas amigas olharam pra mim com piedade, seu inútil. E eu te odiei em dobro por isso. Aí a gente foi embora - por sua culpa! - para que eu pudesse chorar e te xingar alto em paz. Eu tive que ouvir muita merda sobre você e dessa vez eu não pude te defender porque todas as minhas amigas tinham razão. Você quis soar como um homem e não passou de um moleque tentando demonstrar que seguiu em frente. É lamentável assistir a nossa decadência. Você fez com que eu me sentisse tão pequena e inferior e isso foi tão opressor da sua parte. Você não merece o carinho que eu cultivo por você. Não merece sequer esses textos imbecis que eu faço questão de escrever para você. A gente já deixou de ser algo que valha a pena faz muito tempo, mas ontem você errou quando decidiu passar por cima do que a gente teve. A sua covardia não te deixou enxergar diversas coisas e eu não estou mais a fim de te mostrar. Foi por isso que a gente terminou. Você não conseguiu perceber a infinidade de coisas que estavam estampadas na sua frente. Nós dois éramos uma delas e você deveria ter notado. É típico da sua parte estar magoado por ter sido eu quem pôs um fim na gente, mas eu só queria te contar que se você tivesse tentado mais uma vez, eu insistiria em nós dois. Mas agora é tarde, assim como é para todas as coisas que você deveria ter feito e não fez.

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