Superstição

~ 22:22 ❞


Sou um ateu cheio de fé, tem quem me chama de inocente, é que não acredito nos deuses, mas torço muito para que eles existam. Toda manhã coloco café para um santo que não sei o nome, só porque a minha mãe o fazia. Tenho fé na minha mãe e não no santo. E deixo a bundinha dos elefantes de cerâmica viradas para a porta e aceito agradecido qualquer axé, não sou bobo de negar o que me quer bem. Em Minas, a minha vó me ensinou a fazer um sinal com as mãos sempre que passo na frente de uma igreja. Estes dias tiveram a ousadia de me questionar, "Por que você faz o sinal da cruz?". Mal sabem que o sinal é da minha vó muito antes de ser da cruz, é o meu jeito de sentir ela por perto. Astrologia sempre achei bobo, até conhecer uma mulher que falava tão bonito sobre como os signos e os astros influenciavam a vida dela, que se aquilo não era verdade, sério, passou a ser naquele instante. Nunca mais esqueci aquele sorriso e os olhos gigantes (coisas de taurino). Foi tão bom e inesperado o encontro que desconfio que a sorte veio das bundinhas dos elefantes. Na dúvida, comprei mais um.

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