Sei bem que sempre fui do amor louco, da paixão noturna e soturna, que não só gosto que tirem os meus pés do chão como também peço que arranquem o chão para eu desabar durante meses até cair na real. Sou das mordidas nos ombros e despedida exagerada. Sou do amor que começa sabendo que o fim tem hora e passagem comprada. Mas o passado e a ressaca me trouxeram a vontade de um amor sereno, um amor fácin, embrulhado em plástico bolha. Um amor que saiba andar de mãos dadas e discute como se estivesse fazendo elogios, tudo bem baixinho para ninguém atrapalhar. Alguém para dividir a fantasia de carnaval e que tenha o sotaque mineiro para a fala ter som de carinho. Um amor que tenha tempo de olhar para o céu imaginando que alguém lá de longe nos encara de volta, nos chamando de estrelas. Pois mesmo que eu não entenda quando a música diz "com sabor de fruta mordida", sinto que é isso que eu quero, desse jeitinho: no embalo da rede, matando a sede na saliva. Eu quero a sorte de um amor tranquilo.
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