Eu chamo ela pra dançar, o sorriso dela responde que sim. Os dois corpos se encaixam feito um lego do baú de brinquedos. Eu não escuto a música, eu escuto ela; a sua respiração baixa e o solado do tênis arrastando no piso de madeira. Eu a solto, nós rodamos e no caminho os corpos se encontram sem pressa. Ela sabe qual é o meu perfume muito antes de saber o meu nome. Ninguém diz nada. Os olhos cerrados prestam atenção no ritmo da dança. A música acaba e a dança deve acabar também. A gente se solta devagar, os dois esperam um beijo, mas não há tempo, começou outra música e outra pessoa chamou ela pra dançar. Ela aceita o convite, afinal, ela foi pra dançar. Eu atravessei o salão pensando nos segundos que me fizeram perder o beijo. Não, não tivemos outra dança, a história terminou ali. Às vezes, simplesmente, não acontece uma segunda dança, é preciso viver a primeira.
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