Quando o dia não amanheceu.
Quando eu chamei pelos deuses ajoelhada
as duas da manhã no chão da cozinha de casa.
as duas da manhã no chão da cozinha de casa.
Quando o asfalto queimou meus pés
e as calçadas não deram conta de abrigar
meu choro.
e as calçadas não deram conta de abrigar
meu choro.
Quando na minha cabeça
moravam vozes demais
que me cortavam com aquilo que diziam.
moravam vozes demais
que me cortavam com aquilo que diziam.
Quando a garganta secou e o estômago ardeu.
Quando meus passos estavam turvos.
Quando pesadelos eram os sonhos
mais próximos.
mais próximos.
Quando a memória só me sabotava
e me confundia a realidade.
e me confundia a realidade.
Quando eu olhei no espelho e não
vi nada além do muro que criei
pra me defender
e mesmo assim
em pedaços.
vi nada além do muro que criei
pra me defender
e mesmo assim
em pedaços.
Quando a minha carne sentiu falta
de toque e de afeto.
de toque e de afeto.
Quando despedidas ainda me pesavam.
Quando as luzes da cidade já não
me encantaram mais.
me encantaram mais.
Quando eu tomei banho de chuva
até alagar por dentro.
até alagar por dentro.
Quando sempre desabando
nunca fincando os pés.
nunca fincando os pés.
Quando todos os poros
estavam feridos.
estavam feridos.
Quando tudo foi fim
ainda assim
eu fui palavra
e por isso
não morri.
ainda assim
eu fui palavra
e por isso
não morri.
Nenhum comentário:
Postar um comentário