Faz um ano que eu me perdi. 365 dias inteiros desde que olhei para o meu interior e me vi em meio ao limbo. 8760 horas que parei de esbarrar comigo mesmo pelos cantos do quarto e não me vejo mais no reflexo do espelho. Eu mudei. Não foi de um momento para o outro, nem por conta de uma única decepção, ou sentimento de amor, não. Eu apenas sumi, simples assim. A mudança veio como uma onda, primeiro atingindo meus pés e molhando-me aos poucos, sem que eu percebesse. Subindo por meu corpo, arrepiando-me com a água gélida da mudança, gerando medo, vontade, prazer, agonia. Fazendo-me perguntar se deveria dar um jeito de me salvar, ou simplesmente afundar. Quando na verdade, não havia mais o que fazer, eu não tinha mais escolhas. A onda de mudanças já tinha me carregado. E é estranho conversar com pessoas que você admirava, e não conseguir mais digerir suas palavras da mesma maneira. Procurar significados há tempos perdidos, e desistir quando não os encontrar novamente. Não rir quando repetirem sua piada favorita. Esquecer de cantar a música que você sempre considerou sua, ou enjoar de assistir o filme que antes marcava sua vida. Eu me perdi e honestamente, não sei se quero me encontrar. Já foi, já fui. Talvez eu seja apenas uma sombra do que eu era. Ou talvez, o que já fui fora apenas uma sombra de mim. Quem sabe um dia eu acabe esbarrando comigo mesmo em uma rua qualquer, apenas para me perder uma última vez.
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