Ficar em casa me fez notar que compro discos demais para quem coloca sempre os mesmos para tocar. Não somente os discos, assisto também uma porção de roupas paradas no armário. Para que tantas se uso sempre a mesma combinação: preto quando estou inseguro e florido quando a pretensão é maior que a lua que cuida da noite. Tudo acompanhado do mesmo jeans, uma calça acostumada a assistir as vitórias e derrotas de uma vida que faz o possível para entregar novidades, enquanto insisto em repetir músicas e vestuário. Também sou viciado em rever filmes e reler livros, como quem repete os sentimentos, decorando falas e versos, sentindo-se confortável em saber o caminho e o fim. Posso passar uma tarde contando a lista dos meus repetecos: vinho, sabor de pizza, marca do sabonete e um amor. Isso, um amor, sempre o mesmo, e não cito o nome e sobrenome pois aqui não há confusão, é um só, tem sido chamado assim faz tempo. Tenho a esperança de que o nome mude ou alguém roube o nome para si, acredito que possa acontecer, ainda que com poucas chances, o que tenho certeza é que será mais fácil surgir um novo amor do que desfazer-me da minha calça favorita.
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