Tem dificuldade em diferenciar os sonhos dos planos, na sua cabeça, tudo parece uma coisa só. Conta empolgada que, assim que a tempestade passar, pretende iniciar um curso de poesia, viajar para uma ilha sem nome e matar uma vontade antiga, essa, com nome. "Você sempre desiste dos cursos, não tem grana para viajar e a vontade é só um beijo, que você insiste guardar em segredo.", diz o amigo, sorrindo, trazendo os pés dela de volta ao chão. Antes de responder, ela amansa a voz como quem fala com uma criança, "Pois, agora, é com ela que vou aprender poesia, e não vamos para uma ilha, vamos rodar o mundo, entregando quantos beijos o tempo permitir." Na outra ponta do sofá, ele estende o braço em direção a ela, pedindo desculpas. Ela respira fundo enquanto os olhos encaram a janela, como quem espera que um pássaro pouse e explique ao amigo: mesmo que o céu desabe, ainda assim, ela não deixaria de sonhar.
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