Algumas pessoas sempre falaram que um dia eu não iria conseguir escrever o que sentia. Eu ria, porque no fundo eu não as entendia e elas não me entendiam, logo, o baile seguia, porque a dança da vida não para: é um-dois pra lá, um-dois pra cá e seja o que Deus quiser. De vez em quando pisavam no meu pé, aí eu escrevia mais ainda, aí eu virava quase uma máquina de acrescer ambulante. Mas vez ou outra também me rodopiaram no ar, eu perdi o fôlego, foi bom, eu quis repetir, eu só quis mais e mais. E tudo ali ali: escritinho. Mas no fundo todo mundo me avisava que um dia as palavras iam faltar, porque um dia, afinal, todo mundo fica mudo. E eu sempre ri tanto, até você me tirar dos textos. Até você me dizer quase sem palavras umas coisas bonitas que até hoje eu nem escutei, mas emoldurei nas minhas memórias mais fresquinhas. Há um baile inteiro eu te esperei e nem sabia, eu era aquela lá no canto só observando os casais começando e terminando, os bêbados caindo, os sóbrios se estranhando, toda essa gente bonita que se acha tão feia. E você nem parece feita pra esses ritmos. E eu nem sei dançar a tua dança. Mas todo mundo dizia... mas eu ria. Olha, me perdoa atropelar tudo assim é que faz tempo que eu quero falar tanta coisa, mas eu não sei, não dá, você me rouba e eu nem presto queixa, você me tem e nem precisou pedir e eu quebro a caneta ao meio se o preço for você. Eu já amassei um caderno inteiro tentando escrever, mas você parece que é um dicionário que ainda não criaram. Eu não sei mais escrever o que eu sinto... acho que, finalmente, eu só sinto.
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