Parede

10.2.25 ~ 00:03 ❞


Eu podia te dizer que sinto muito, e que o mapa e o aroma das suas coxas são os meus favoritos. Você me disse "eu sempre vou saber o caminho de casa" e eu pensei "realmente, uma casa nunca sai do lugar". Mas não me vale de nada ser tua casa, Robin, se não é nela que você quer morar. Porque não adianta nada, Robin, você ser metade por não ter mais vontade de ser inteira. O problema é essa distancia, e seria ótimo se eu tivesse falando de quilômetros. Acorda, tô falando da parede que você construiu entre nós fazendo ver só os erros e os defeitos desse nó impossível de desatar. Você não deixa a gente ser plural, e eu não consigo falar de nós dois usando "eu" e "você". Eu ainda penso, e esse é meu problema afinal. Pensar demais cansa, faz a cabeça doer e a gente desistir. O problema é que eu canso, minha cabeça dói, eu desisto. Ate a manhã seguinte, quando eu penso de novo em dizer que sinto muito e que o meu nariz tem alergia ao "ar" se ele não estiver misturado com o perfume da sua pele. E que sua batata da perna grossa e pesada é uma das coisas que eu mais sinto falta quando tu diz "eu fico melhor sozinha, tenho que ir". E o engraçado desse teu jeito indiferente, é que tu mostra que não sente nada, mas sente um turbilhão de coisas dentro de você. E tu mente pra si mesma que não sente, mas teu azar é que eu observo muito você e sei que quando tu mente pisca demais e coça o nariz. E eu ando meio poético demais, né cara? Depois de te conhecer e ficar tentando te decifrar, tento te colocar nas palavras. Jeito inútil de tentar te encaixar em algo, porque não consigo de jeito nenhum descrever você. Tu sabe que tem um verão completo em você, então larga essa mania de tentar ser outono. Porque não tem nada a ver contigo coisas calmas e simples. É absurdamente o contrário.

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